Reflexões glotopolíticas sobre o ensino de Português como Língua Estrangeira (PLE) na Argentina entre 2016 e 2022
DOI :
https://doi.org/10.35305/rev.infosur.vi2.80Mots-clés :
Ideologias Linguísticas, Português Língua Estrangeira, Educação argentina/brasileira, GlotopolíticaRésumé
Neste artigo, refletimos sobre as políticas linguísticas na Argentina relacionadas à lei de oferta obrigatória de Português como Língua Estrangeira (PLE) no ensino secundário e seu impacto entre 2016 e 2022, sob o advento da integração mercosulina. A partir da perspectiva glotopolítica, nossos objetivos foram compreender melhor o cenário de oferta do PLE na Argentina e analisar as ideologias linguísticas sobre o inglês e português no ensino formal. Realizamos uma pesquisa qualitativa aplicada a um estudo de caso em três cidades argentinas: Buenos Aires, Córdoba e Rosário. Foram entrevistadas nove docentes que atuam na formação docente de língua portuguesa. Por meio dos discursos das participantes, constatamos que as políticas linguísticas foram, por um lado, escassas e que a lei teve um impacto quase nulo no ensino secundário. Por outro lado, todas as professoras apontaram a hegemonia da língua inglesa frente às demais línguas estrangeiras. As ideologias linguísticas que movem essa predominância respondem à tendência global da imposição do inglês como língua franca com impacto na América Latina. Tanto no Brasil quanto na Argentina, entre 2016 e 2022, os projetos políticos e as políticas linguísticas neoliberais acentuaram a socialização das elites em inglês, fortalecendo no imaginário social a ideia de que a língua inglesa seria um veículo de mobilidade social e econômica.